segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Bukowski


Toda aquela cerveja canadense e frango frito descendo sem parar, a cerveja parecendo vodca, deixavam claro; dali a pouco tudo iria apagar. Tinha perdido minha dentadura, achei-a depois, havia caído em uma poça de vômito cheirando a queijo – primeiro a dentadura, depois o respeito próprio, eu podia viver com isso. Mas o que é que eu ia dizer em casa quando chegasse com a alma estragada de tanto álcool e meu nariz vermelho, e ainda, sem meus dentes? A bebida descia e eu já estava todo mijado, os rapazes e as boas moças no bar pareciam não se importar.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Palavras de esperanças Cósmicas




Suas poucas palavras deixavam esperanças cósmicas. Conhecia a origem das coisas e dos astros. Sentado por horas no telhado percebia os nobres caminhos estelares cheios de alegrias imaginárias, provando descontinuamente sons imaginários cor de rosas cheirando um doce rasgado por cometas silvestres, amigáveis o bastante para cometer um ritual amoroso de calores divinos; encostados um nos outros trazendo as liberdades encantadas de uma noitada louca ao lado de shamans gurus indígenas filhos de Maira, e avôs de almas ensopadas por caminhos astrais tão antigos quanto as vidas de galáxias irmãs brilhantes e nunca desvendadas por bestas voadoras aliadas a marcianos feitos de massas cerebrais enormes ocupadas por veias cravadas em nervos superdesenvolvidos e inteligentes o bastante para entender sobre montanhas, carrosséis, mundos livres e ética. De um jeito todo especial e diferente; como Mozart saltitante dessacralizando Deus todo poderoso-pai-filho-espírito santo-irmão na cara de Salinieri, que louco como uma porta louca sem valor, matou Amadeus por suas óperas de ironias saltitantes vindas com os deuses, os lusos e os hispânicos, botando tudo nas naus de sangue negro até a edenização daquele mundo nu poligâmico, comedor da própria carne humana. Se perguntassem pela reforma recebiam farpas e eram fincados e amarrados com pregos corroídos pelo tétano que acabava por matá-los todos e pior, retiravam suas almas, dilaceravam qualquer forma de prazer e qualquer sentimento pouco próximo do amor. No fim das contas tudo era uma grande desculpa para desejar sair dessa vida sofrida, permanente rodeada dos piores castigos possíveis – chicote com pequenas astes de metal que no final mamavam licor vermelho de todos os subjugados pobres algemados espiritualmente por correntes de ódio e de dominação bárbara, onde até as próprias mães achavam justo os filhos sendo dilacerados. Pobres coitados mais sujos que merda; sem dignidade, sem nada que lhe vestissem de algum respeito. Cheios do pior tipo de estrume ralo, esverdeado.
Isso sim, eram palavras de esperanças cósmicas.