sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ela III

Para aqueles tempos, uma verdadeira dama não devia andar por aí com olhos tão verdadeiros. E bem no fundo, ela sabia disso. Tentou ser igual as outras; vestia-se bem, tocava piano fingindo algum amor; tinha os gestos, as caras, os trejeitos necessários.

Perdeu boa parte da alma para ser uma donzela descente. Mas seus olhos...Vivos demais, sinceros, tinham um brilho muito verdadeiro para aquilo tudo.

Pensou em arrancá-los. Mas dilacerar o que restava da própria dignidade, ela não agüentaria.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ela II



Prometera a si mesma, nunca mais dançaria para eles. Estava de saco cheio, estava seca. Vendia sexo do melhor e sodomias inimagináveis, vendia amor verdadeiro, compreensão, obediência.Transformava pobres coitados em hérois. Mas no final do dia, nas manhãs geladas mais do que nunca, tinha as ancas feridas e nenhuma retribuição do amor e compreensão deixados para trás. Ninguém por ela, e nem para ela. Sentia-se...Quase vazia.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

ELA I




Ondas alucinadas chamavam para o banhar, mas ela estava apaixonada e resolveu pegar a estrada. Saiu cedo, bem cedo, esse era seu horário favorito, tudo cheirava melhor e era mais fácil encontrar alma nas pessoas e nas coisas. Isso é o que procurava – alma, vida, algo real o bastante para faze-la sorrir. Talvez, um outro sorriso já valesse a pena. Sozinha, preferiu assim, e não mandaria muitas lembranças. Se perdesse tudo que tinha... Ela pretendia perder...