sábado, 30 de maio de 2009

Pra Falar a Verdade...

Tocavam todos os clássicos. Só clássicos de Rock. As garotas, com as cervejinhas em mãos, adoravam. Tocar exaustivamente sempre as mesmas músicas era um glorioso sacrifício para aquele bando de macacos bêbados. Prostituição plena. Sucesso garantido. Tudo o que queriam. Por noites sentiam-se os maiorais, astros, deuses. Oras, qualquer um, tendo oitenta outros cantando junto, cairia na decadente hipocrisia de ser achar um deus. Deus de um tanto de babacas.

Entretenimento delicioso era o vocalista. Bêbado. Tentando parecer que entregava muito mais que a própria alma para a música, acabava nos oferecendo de bandeja um tremendo paspalho. Pulava, caia, babava. Tudo isso, em um espaço minúsculo, que não cabia nem ele mesmo deitado. Meu Deus, que macaco mais bem treinado esse! Ainda, piorando, berrava frases sem sentido “Aí Marquinho, você é o cara!”. O Marquinho era um gordo tosco. Mas aposto que tinha um bom coração, e no final das contas, é isso que importa, não é mesmo? Tinha uma outra fala hilária “A gente [referência à banda] não seria nada sem vocês”. Coitados.

O resto da banda não ajudava, mas eram corajosos. Faziam caras e bocas e poses “nos estamos mandando brasa”. Eram bons músicos.

Eram bons músicos! Eram boas pessoas, tocavam com perfeição e mereciam todas as carícias das moças bem apessoadas na platéia. E as músicas eram realmente empolgantes. Não eram prostitutas. Mereciam aplausos. Pra falar a verdade, é uma merda aplaudir quem pode comer todas as garotas depois do show.

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