terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

The Boogoos - Se não fossem alemães, até valeria acreditar...



Metaleiros sanguinários – dos que cortam cabeças de carneiros no meio do show, bebem de seu sangue e gritam “ahhhhhhhhhhh metal até a morte” - estavam no meu encalço. Aposto que queriam o minha carne. Sim, isso mesmo, meu sangue fazia parte de seus planos. Fugir era a única opção. Retalhar tais ameaças só funcionaria se eu fosse corintiano, flamenguista, ou um hooligan. Sou cruzeirense...

Resolvi me exilar na África. Terra de Felá Kuti, nigeriano danado, um dos meus ídolos, o Miles Davis por aquelas bandas, criador do Afrobeat, juntou funk e jazz, amarrando tudo com fitas sonoras, trompetes e guitarras africanas. Continente de onde a música ocidental tirou sua essência. E o ultimo lugar onde eu poderia encontrar um headbanger, ou vice-versa.

Enquanto perambulava pela Cidade do Cabo, com o corpo encharcado de suor, vestindo um macacão de estampa de oncinha (guitarrista do Van Halen no clipe de Jump), que servia para camuflagem na selva, algo inusitado aconteceu. 13 alemães surgiram na minha frente. Estavam cheios de instrumentos e tinham caras de turistas. “SARAVÁ, isso é obra do cão” pensei a principio, mas logo percebi que estava enganado. A atmosfera, antes extremamente desagradável e quente, se tornou florida e festeira. O swing dominou todo o lugar. Ninguém era de ninguém. Um Afrobeat moderníssimo começou a ser tocado pelos germanos, promovendo algo mais ou menos como uma explosão de cores e de notas musicais variadas, que percorriam o corpo da charmosa voz feminina. Esta por sua vez, entoava, de uma forma meio largada e bêbada, uma canção chamada Theme De Yoyo. Em alguns momentos parecia que os metais estavam organizados para soarem desajustados, o que ia arrastando a harmonia da melodia para um buraco totalmente desarmônico. Mas sempre que ela estava ameaçada de cair naquele posso de perdição, tudo voltava aos seus devidos lugares e a música continuava impecável. Isso sim era uma Big Band caótica, e aquele bando de branquelos carnavalescos na minha frente, não faziam a mínima questão de esconder esse fato.

....

Acordei sem saber por quanto tempo estive incapacitado de raciocinar. Se eu ainda tinha pernas, mal podia senti-las. Haviam raspado meu cabelo e logo logo iria descobrir a palavra “The Boogoos” tatuada na minhas costas. Meu mamilo direito sangrava, culpa de um piercing mal colocado. Por mais perdido que estava, uma música ainda ressoava claramente na minha cabeça. The Journey (Ghana '74) foi o ultimo espetáculo sonoro que os europeus deram antes de eu apagar. Percussão presente a todo o momento e muito bem marcada. Bateria apresentando potentes explosões. Teclado dançante no plano de fundo. Flauta que vez ou outra aparecia só para nos espantar mais ainda. Os metais mantinham o corpo enxuto da canção, misturando-se lindamente. E uma voz, dessa vez masculina, muito semelhante às de cantores de jazz, mas que parecia também ter pego algo emprestado de James Brown comandava aquela balada africana, feita por europeus e curtida por um brasileiro.

Pensei em marcar uma cirurgia para retirar a tatuagem das minhas costas. Desisti. Um nativo mudo, amigo meu, explicou-me que The Boogoos era o nome daqueles impiedosos alemães.



MySpace The Boogoos


Download Singles Theme De Yoyo e The Journey (Ghana 74)

*Créditos ao ótimo Blog
Lets Go and Get It


Um comentário:

  1. botei fé e to baxano raulzito!
    depois te falo o resultado nos meus tímpanos!
    dereco

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